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16 de jun. de 2020

Seis simples dicas sobre morar sozinho

Pois é, agora moro sozinho.

Já há bastante tempo, eu já almejava isso. Acho que faz parte da evolução de qualquer um "sair do ninho" e começar a viver por conta própria, se virando da forma que dá, e tomando para si diversas responsabilidades da gerência do lar. Claro, eu ainda tenho alguns confortos e vários vínculos que tornam a questão de morar solo mais fácil, mas ainda assim, a experiência é no mínimo diferente. E, também, claro, muitas pessoas assumem todas essas responsabilidades mesmo quando ainda estão em casa, então não quero passar uma ideia de "olha, como ele é foda, agora se achando". Não.

A questão aqui é só comentar um pouco sobre algo que fui aprendendo no processo. Umas dicas simples, talvez, sem grandes pretensões.

1. Você vai gastar grana por perder material


Entenda, "gastar grana" no título equivale também a desperdiçar material, o que equivale a indiretamente perder dinheiro. Infelizmente, só depois de um tempo razoável é que pude me adequar a quantidades e porções que são equivalentes pro meu dia a dia, e isso me fez perder, muitas vezes por bobeira e/ou desatenção, comida e material de limpeza. Não que isso exatamente possa ser catastrófico, já que acaba que precisa passar por isso a não ser que já tenha uma percepção prévia do quanto consumiria, mas pra mim, muitas vezes bateu até dó olhar a lata de lixo...  Só compre frutas e legumes se de fato for consumir nestes dias, senão vão estragar e você vai jogar dinheiro fora.

2. Você vai ficar com preguiça


Ou seja: vai haver dias que tudo é mais interessante do que limpar a casa ou cozinhar, e você vai fazer um ou outro da pior forma possível — ou nem fazer, empurrando para outro dia e usando qualquer desculpa esfarrapada pra justificar. Isso vai acontecer com uma incômoda frequência, mas não caia nessa. Torne o hábito de limpar a casa, organizar suas coisas e lavar pratos, panelas e talheres uma constante. A limpeza da casa, por exemplo, faça o mais rigorosamente possível em dado dia (aqui eu faço aos sábados) e cozinhe de antemão algumas coisas que já vai consumir a semana toda, como arroz e feijão. Visitas inesperadas também poderão aparecer, e você vai ficar com vergonha em apresentar uma casa suja ou não ter um rango decente pra servir pra pessoa. De novo: crie pequenos hábitos diários, cada vez arrumando uma coisa, e nada vai ficar acumulado.

3. É muito fácil comer mal


A partir do momento que você se torna o senhor da sua despensa, se não tomar cuidado, além de desperdiçar dinheiro com gulodices desnecessárias, ainda vai comer muito mal. Geralmente, comida de má qualidade ou pouco nutritiva é barata, fácil de fazer e saborosa (batata frita? Bife de hambúrguer? Chocolate? Cerveja?). A dica que eu dou é não deixar de comer aquilo que se gosta, mas também, sob hipótese alguma, deixar de comer comida de verdade. Eu tenho uma terrível preguiça em lavar verduras, mas eu sei que isso é vital, então acabei por acostumar a fazer isso e agora não acho (tão) ruim quanto antes. Cuide da sua saúde comendo bem e direito, e tente deixar as porcarias para um segundo momento — por exemplo, como uma recompensa por ter limpado bem a casa ou arrumado a bagunça espalhada.

4. Você vai gastar com coisas para casa que não vai usar


Na minha cabeça, vários utensílios teriam uma utilidade constante; na prática, muitos sequer ainda foram tocados, mesmo meses depois de já morar solo. Então, quando estiver vendo suas prioridades e equipar a casa, tente fazer uma lista detalhada e verificar efetivamente quais itens você realmente precisa para começar agora, e quais poderão ficar para depois.

5. Você vai esquecer de beber água


Sério. É mais comum do que se imagina. Assim como eu disse sobre a comida na dica #3, mantenha seu filtro sempre limpo e abastecido, e se você for um preguiçoso (como eu), arrume uma garrafa grande de água e leve-a para o cômodo onde você vai ficar. Dependendo da capacidade de armazenamento da garrafa, tente bebê-la uma, por turno. Seu corpo em geral agradece, e seus rins, mais ainda — não queira sentir a dor de uma pedra nos rins, acredite.

6. A comida vai estragar


Duas dicas em uma: a primeira é que evite comprar as coisas em excesso; se for o caso, compre alguns itens a mais, mas de preferência, aqueles que terão menor saída não precisa de um estoque dele. Segundo, mantenha um registro ou anotações ou verifique com regularidade suas compras; sugiro fortemente ler sobre congelar para conservar alimentos.


***
Ah, eu não escrevo neste blog desde 2017. Sinceramente, nem sei o motivo pelo qual cismei de voltar aqui e fazer esse texto, sem me preocupar muito com revisão ou formalidades. Não sei exatamente se vou continuar escrevendo, mas, de qualquer forma, quem quiser acompanhar, deixar o feedback e mais dicas aí nos comentários. Bora ajudar os marinheiros de primeira viagem na aventura de morar sozinhos!

7 de abr. de 2017

A Culpa

Nesta semana, passei por três situações "corriqueiras" (no sentido que elas se repetem diariamente):
  1. Durante uma reunião de negócios, um amigo meu disse que dentre várias coisas, o "feminismo é responsável por deixar o mundo meio do jeito que tá aí: confuso, quebrado e cheio de confusão";
  2. Recebi via WhatsApp um vazamento de uma moça, muito bela por sinal. Junto, vinha o post que ela fez na página pessoal do Facebook dela justificando o ato, além de vários outros dados pessoais;
  3. Durante uma aula na faculdade, um professor foi infeliz em dizer que "as mulheres têm culpa em certos comportamentos machistas se perpetuarem dentro de casa" (ok, isso não é lá tão mentira assim, mas o problema é que o enfoque e o tom de culpa introjetada dele foi um prato cheio para qualquer um que deseje qualquer coisa para atacar o feminismo).
De todos estes pontos, só ficou uma certeza:
Em todas elas, eu foi um covarde e me calei. Em nenhum momento eu retruquei, questionei, indaguei, porra nenhuma.
E enquanto isso, nesta mesma semana, uma idosa de 73 anos foi estuprada, um ator global se envolve em uma polêmica de assédio (e gera comentários terríveis de outros atores que tentam "minimizar" o ato) e um famoso cantor também foi pego por câmeras de vigilância mostrando que agrediu a mulher.

Independentemente do grau, fica claro uma coisa:
Meu silêncio mata, agride e lesa tanto quanto aquele que executa na prática.

***

Texto recomendado: toda relação homem-mulher é assimétrica.

11 de nov. de 2016

Olha o RPG!

Quem me conhece sabe da importância que o RPG de mesa tem na minha vida. Fiz (e consolidei) muitas amizades dentro da mesa de jogo, e hoje basicamente o jogo não serve só para contar histórias, mas também uma oportunidade de ver alguns amigos e manter contato semanalmente.

Eu não conseguiria definir melhor a sensação do que é jogar RPG do o vídeo a seguir. Identifiquei muito daquilo que me fez cativar por esse estilo exótico de imaginar e contar histórias nele. Vejam!

4 de nov. de 2016

Guerreiros

Todo dia cedo, quando estou indo para o trabalho, um cidadão me vê perto da rodoviária por onde eu passo e me dá um bom dia.

"Bom dia guerreiro!". É o que ele sempre me diz.

Ele é uma pessoa humilde, vive na rua, creio eu. Já o vi várias vezes na região desta rodoviária, ou perto do coreto, deitado em papelões e coberto por uma manta fina. Ele trabalha lavando carros, ajudando alguns taxistas daquele ponto, em troca de alguns trocados ou comida.

Uma vez me disseram que ele usa drogas (já o vi em estado alterado algumas vezes), e tem uma ferida feia na perna. Vive pedindo ajuda para poder pagar a troca do curativo desse machucado.

Não pede esmola. Pede ajuda.

Se ele realmente usa o dinheiro para esse fim, não posso dizer que sim. Mas posso dizer com certeza que não sou guerreiro assim. Não é questão de comparação pura e simplesmente: não é simplesmente aceitar que esse rapaz e eu vivemos em realidades distintas.



"Guerreiro".

Quem dera eu ser um guerreiro. Falta-me muita coisa para sequer começar a trilhar o caminho do combatente moderno, para conseguir enfrentar o monstro da realidade cotidiana.

Mas pelo menos, tenho sobrevivido a uma batalha por dia. Por trinta anos, praticamente.

Hora então de buscar uma transição do campo de combate. Mudança de tática.

Boa noite, guerreiros.

21 de out. de 2016

Dicionário (im)Pessoal #5

Noção | s. f.

no·ção

Substantivo feminino
1. Ideia que se tem de uma coisa.
2. Conhecimento, notícia.
3. Conhecimento elementar.
4. Exposição sumária.

Fonte

Definições do Dicionário (im)Pessoal:
1. Saber que mexer com uma mulher na rua, especialmente com uma garota de 14 anos, não é algo legal (sim, eu vi isso hoje: um rapaz que trabalhava em uma obra começou a assoviar para a menina voltando da escola, que tinha mais ou menos essa idade, e chamando-a pra entrar na construção com ele; ele me viu e ficou fazendo cara feia pra mim, mas eu fiquei encarando o cidadão e ele se retirou);
2. Saber onde seu direito termina e onde começa o do outro;
3. Entender que a zoeira não tem limite, mas tem hora, e pode ser uma excelente ferramenta de socialização em muitos casos;
4. Assumir nem que seja minimamente suas responsabilidades, deveres e falhas.

***
O Dicionário (im)Pessoal são conceitos de palavras corriqueiras mas que, ao contrário do livro tradicional, foge à regra por permitir interpretações diferentes por cada um que leia aquele termo. Fica a pergunta: o que a palavra da vez lhe traz de experiências, memórias ou sensações? Comente!

16 de set. de 2016

Além do felizes para sempre: quatro motivos pelos quais o casamento não compensa

Quando se está em um relacionamento de médio a longo prazo, não tarda os famosos "vai casar quando?" ou "e ae, já pensando no casório?".

Eu namoro há 8 anos, e é quase uma rotina que as pessoas cheguem para mim e pergunte "quando será o próximo passo do relacionamento". Porra, como se isso fosse definitivamente determinante para que mais 8 anos viessem!

Antes que alguém me questione, até o momento, minha namorada também partilha da mesma opinião de não querer casar. Para explicar melhor isso, uma listinha básica de porque eu acho que, na minha opinião, é uma tolice casar:

1. Eu não sou religioso

Pra quê eu tenho que entrar dentro de um templo cujo qual os valores não são relevantes para mim? Acredito que seria muita hipocrisia da minha parte fazer parte de um ritual cujo qual não partilho a convicção só para agradar os outros. Até porque...

2. É tudo muito caro

"Olhe querida, toda essa maravilha que nunca poderemos ficar porque temos que pagar nossa festa!"

Pense bem: com a grana de um investimento de um casamento, eu poderia viajar com ela para vários locais bacanas, conhecer gente nova, ter experiências bacanas ou, pelo menos, equipar bem minha morada com a minha então esposa.

Uma festa razoável aqui na região fica entre 20 e 50 mil reais, e eu sempre achei que fazer festas de casamento é mais para os convidados do que para os noivos em si. Existe uma carga de simbolismo enorme em cima do casório e justamente por isso...

3. Casar é para mostrar para os outros que você se casou

Eu sempre preferi as coisas um pouco mais simples (embora agora na faculdade de Letras me fizeram questionar o o que seria algo "simples", mas isso fica para outro texto"). Toda aquela pompa, aquela coisa bonita, trajes caros, mídia... bleh.

Sabe do quê preciso do meu lado? Dos melhores amigos que tenho e de alguns parentes que considero, além de claro, da Kaiser latão trincando no freezer, uma piscina, uma alcatra assando numa churrasqueira de menos de meio metro quadrado tocando alguma música cuja qual já não consigo mais entender qualé. Saca?

4. O simbolismo pesa

Algemas de dedos?

Talvez, o mais importante dos motivos que me levam a não assumir um casamento seria o fato do peso que o termo possui. Casamento em geral é como se fosse uma nova etapa de vida, avanço, a chegada de uma responsabilidade social que cedo ou tarde viria. Há aqueles que atribuem ao casamento uma possível mudança de vida por parte de um (ou ambos)!

Não concordo. Acho que até por conta disso que muito relacionamento por aí afunda: o excesso da responsabilidade, a cobrança que se tem em cima do termo "casado". Não poderia ser simplesmente duas pessoas que estão juntas de comum acordo? Não poderíamos deixá-las livres dessa cobrança para que o relacionamento possa fluir sem um termo a menos?

***

Enfim, breves motivos, dentre vários outros que ainda poderia discutir aqui, de como eu vejo na minha vida um casamento como parte desnecessária. Naturalmente, esta é uma opinião minha, Mas e você leitor, o que acha?

9 de set. de 2016

Setembro Amarelo: porque é importante sim estar aberto a ouvir qualquer pessoa

No mês de setembro, começa a campanha do Setembro Amarelo: para quem não sabe, é o mês que se desenvolve uma campanha conscientizadora contra o suicídio, além de também promover meios para combater o tabu cujo qual o tema está envolvido. Em 2016, o ponto alto da campanha se dará no dia 10/09, e o tema é abordado no mundo todo. No Brasil, desde veículos tradicionais de comunicação (Estadão e o Jornal do Brasil, por exemplo) a até times de futebol engajam-se no assunto.

Uma pessoa se mata no Brasil a cada 45 minutos; no mundo, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos. É muita coisa, incapaz de se passar desapercebido. Inclusive, esta semana um rapaz de 16 nos se matou aqui perto de casa, pulando do quarto andar de um prédio. Uma moça que passava próximo a ele ainda o escutou dizer, antes de vir a desfalecer no asfalto:

Diz pro meu pai e pra minha mãe me perdoarem, tá?

Mas este texto foi feito com um outro propósito. Por esses dias, uma imagem começou a rolar no Facebook. Achei-a muito pertinente: é esta a seguir:


A descrição que acompanhava o post da imagem era a seguinte:

#SetembroAmarelo
.
Esta campanha é de incentivo as pessoas procurarem ajuda de um profissional de Psicologia! [grifo meu]
Setembro Amarelo é um movimento mundial que objetiva conscientizar a população sobre a realidade do suicídio e mostrar que existe prevenção em mais de 90% dos casos. 
O suicídio é considerado um problema de saúde pública e mata 1 brasileiro a cada 45 minutos e 1 pessoa a cada 40 segundos em todo o mundo. 
O movimento Setembro Amarelo é estimulado mundialmente pelo IASP – Associação Internacional pela Prevenção do Suicídio.
Procure ajuda de um Profissional de Psicologia. [grifo meu]
http://www.crpsp.org/site/
http://cvv.org.br/

Achei a imagem muito pertinente e compartilhei. Não tarda, algumas pessoas começam a refutar a ideia, mandando um X de vermelho e criticando justamente o que grifei no texto citado acima.

Não sou psicólogo, embora muitos amigos insistem em dizer que deveria ter sido um. E nunca gostei do termo "conselhos", pois é muito fácil opinar sobre algo que você não está envolvido (sempre preferi falar sobre "o meu ponto de vista" sobre algo).

Mas de uma forma ou de outra, onde quero chegar: às vezes, um papo pode ser a diferença entre a vida e a morte de alguém. Podemos, mesmo sem uma formação formal, pelo menos incentivar uma pessoa com um quadro que pode vir a se tornar suicida a ter uma atitude um pouco mais positiva ou, no mínimo, criar coragem para ir a um profissional especializado.

Nunca serei capaz de substituir um bom profissional para esses casos, mas posso pelo menos, me manter aberto e interessado na saúde mental básica a alguém, indicando aqueles que por sua vez poderiam de fato ajudá-la. Ela precisa saber que é importante, que tem sim um papel neste mundo, e que mesmo que esteja em profunda tristeza, não significa que não há nada que possa fazer.

Sempre há alguma coisa a se fazer sim. E se para essa pessoa minha inbox for útil, assim será.

Quem nunca se sentiu sufocado, a fim de conversar sobre algo só para descarregar aquela coisa ruim? Para fazer isso, é certo que a pessoa confie na outra para fazê-lo.

Fique completamente atento a sinais que uma pessoa que pode vir a se suicidar revela. No entanto, nunca, nunca ignore-a ou faça-a achar que você não pode, pelo menos minimamente, contribuir para fazê-la se sentir útil e importante, necessária, que sua vida interrompida de forma abrupta não será boa para ninguém.

6 de ago. de 2016

Dicionário (im)Pessoal #4

Orgulho | s. m.

or·gu·lho 
(1ª pess. sing. pres. ind. de orgulhar)

Substantivo masculino
1. Manifestação do alto apreço ou conceito em que alguém se tem.
2. Soberba ridícula.
3. Brio.

Fonte da imagem

Definições do Dicionário (im)Pessoal:
1. Sentimento até certo ponto necessário e benéfico, mas facilmente torna-se corruptível e tóxico, corroendo relações e exacerbando propriedades inúteis;
2. Ego exagerado, facilmente ligado à ignorância, rancor e falsidade;
3. Incapacidade de se admitir com um defeito (que geralmente todos já sabem que se tem).
4. Ironicamente, falta de confiança em si próprio.

***
O Dicionário (im)Pessoal são conceitos de palavras corriqueiras mas que, ao contrário do livro tradicional, foge à regra por permitir interpretações diferentes por cada um que leia aquele termo. Fica a pergunta: o que a palavra da vez lhe traz de experiências, memórias ou sensações? Comente!

29 de jul. de 2016

Pensamentos Cotidianos

Estava em um bar hoje com alguns amigos quando uma mulher, em seus 30 anos mais ou menos, apareceu. Bonita e com um corpo dentro dos padrões "socialmente desejáveis", digamos assim. Mas ao invés de contemplá-la, em um estalo, mudei meu foco para reparar como o ambiente à sua volta reagiria com a presença dela.

Exceto por algumas atendentes, todos os presentes no local eram homens, com no mínimo também por volta de 30 anos, alguns uniformizados e indo/vindo do trabalho. Todos começaram a encará-la e reparar insistentemente nos dotes físicos da moça; eu notei isso e também vi que ela, apesar de se claramente notar os olhares todos recaírem sobre si, evitou qualquer tipo de contato visual, limitando-se apenas a interagir com os funcionários. Quando seu pedido chegou, ela o recolheu e foi embora.

Fiquei me perguntando, como em um exercício de empatia, quantos olhares, cantadas e outras banalidades deve ouvir todo dia. Não, não estava com "roupas provocantes" (o que também não dá direito de julgar ninguém), nem qualquer tipo de comportamento "provocativo".

Pensei na minha irmã, na minha mãe. Pensei na minha namorada e amigas,

Pensei sobre mim e minha postura para com algumas pessoas.

***

Momentos depois, um dos rapazes que estavam comigo à mesa disse:
"Namorar alguém tem que ser no máximo por dois anos; mais que isso enjoa e não compensa."
Estou em um relacionamento que vai fazer oito anos. Estou em um loop de enjoo eterno, então? Se eu me cansar, basta descartar? É mais fácil então adquirir uma coisa duvidosa mas nova do que consertar uma velha mas correta?

Novamente pensei, mas desta vez, sobre o comportamento das pessoas sobre ou para mim.

22 de jul. de 2016

Empatias e empregadas

Sabe qual é o problema das pessoas hoje? Falta de empatia.


Não, não é a porcaria de uma "escola sem partido" que vai salvar a educação de alguém - até porque, aos defensores dessa ideia bisonha, desafio-os a mostrar um sistema educacional apartidário e funcional em qualquer lugar do globo e que não seja envolto por um sistema político ditatorial. Pensar incomoda muita gente, correto?


Carecemos de falta de afeto, de empatia, de sensibilidade ao direito de ser do outro, de respeito às decisões alheias, de não apontar o dedo. Mas é hipocritamente melhor atribuir a educação (em todos os aspectos) à figura da escola, ao diploma, ao "mestre", ao "doutor", e esquecer que a formação mais elementar de todas vem de casa, do exemplo dos pais, do ensinamento do respeito, da dignidade como ser humano dentro de uma comunidade. É a típica hipocrisia social, do alívio e transporte da culpa de uma sociedade falida para a primeira coisa que se vem à cabeça. Vive-se dentro do entorpecimento de excessos e bipolaridades, onde só se pode ter uma única visão, e destoar dela é fraquejar seja lá com quem for.


Empatia: palavrinha simples e mágica até, servida acompanhada de respeito e abertura. De carinho, de afago, de abraço, de beijo, de um monte de coisa bonita e bacana, hoje todas largadas de canto.

Ler os depoimentos da página Eu Empregada Doméstica me engasgou. Tenho um épico exemplo de dignidade dentro de casa, e só de imaginar que alguma coisa parecida já possa ter acontecido com essa pessoa já me deixa sem ação, me faz sentir inútil. É por causa dessa pessoa que eu hoje não sou cego, que eu não tive problemas de garganta porque ela correu atrás, ela é quem não me deixou estacionar e me empurrou para frente, mesmo não tendo conseguido metade dos facilitadores que hoje eu tenho.


Empregado doméstico não é sinônimo de vergonha. Nunca foi.

Empatia, galera, empatia. 

8 de abr. de 2016

Dicionário (im)Pessoal #3

Respeito | s. m. | s. m. pl.

res·pei·to 
(latim respectus, -us, .ação de olhar para trás, .espetáculo, atenção)

Substantivo masculino
1. Sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém.
2. Apreço, consideração, deferência.
3. Acatamento, obediência, submissão.
4. Medo do que os outros podem pensar de nós. = RECEIO, TEMOR


Definições do Dicionário (im)Pessoal:
1. Ser capaz de ter empatia pela dor do outro, mesmo quando ainda não tiver tido a experiência de senti-la (o que ainda complica as coisas, porque a dor de um não remete ao outro diretamente);
2. Saber que a zoeira de fato não tem limites (e nunca terá [in]felizmente), mas tem hora, o que a diferencia do mau gosto propriamente dito;
3. Manter uma discussão civilizada dentro dos moldes aceitáveis e adultos, independentemente do grau de instrução dos envolvidos;
4. Admitir que o diferente de você, dos seus gostos, o que você veste ou calça, nada disso tem relevância sobre a integridade física e psicológica de alguém;
5. Admitir derrota, mesmo que ela soe como perda apenas para o nosso ego, que se recusa veemente em acreditar que é inabalável e dono da mais absoluta verdade.

***
O Dicionário (im)Pessoal são conceitos de palavras corriqueiras mas que, ao contrário do livro tradicional, foge à regra por permitir interpretações diferentes por cada um que leia aquele termo. Fica a pergunta: o que a palavra da vez lhe traz de experiências, memórias ou sensações? Comente!

18 de mar. de 2016

Mandamentos de boa postura da internet

Sempre vemos por aí uma internet recheada de desinformação e ruídos. Principalmente em épocas de assuntos polêmicos, pessoas vociferam opiniões às vezes infundadas e impensadas rede afora, e isso pode ser perigoso, já que aquele argumento errôneo pode influenciar outros a cometerem o mesmo fatídico fracasso.

Portanto, segue alguns toques de boa convivência virtual, como forma a ajudar a todos a terem um lazer internético mais divertido e saudável:

1. Sempre pesquisarás

Antes de sair comentando qualquer coisa por aí, tenha certeza de que você sabe o mínimo suficiente daquele assunto. Isso ajuda a manter o debate saudável e, ao mesmo tempo, permite que você discuta de maneira inteligente com outras pessoas.

2. Lerás o outro lado

Mesmo que você tenha uma posição contrária a uma linha política, religiosa ou social, se informar de assuntos que você é contra a respeito ajuda a embasar seus argumentos e evitar ser pego de surpresa por questionamentos do outro lado. Não entenda como uma guerra, mas o atrito gerado por um bom debate tende a ser positivo até para aqueles que somente estão acompanhando-o, sem opinar em nada.

3. Não terás preguiça

Um erro gravíssimo é tentar nos informar apenas pelo título de alguma coisa. Manchetes podem ser extremamente tendenciosas e não demonstram desdobramentos que o texto completo possui — ou pelo menos deveria possuir. Deixe a preguiça de lado e se informe corretamente!

3. A teu ego dominarás

Fato: é mais comum do que pensamos a nossa falta de capacidade em aceitarmos que estamos errados ou, no mínimo, equivocados quando em uma discussão e, dessa forma, evitarmos receber qualquer crítica. Não faça isso. Aceite que o argumento do outro foi melhor naquele momento, e estude de forma a refutá-lo posteriormente com coesão e maturidade. Ninguém gosta de pirraça, e maus perdedores não são levados a sério em lugar algum.

4. Mentiras não serão semeadas

Cuidado ao sair compartilhando qualquer coisa só porque está na internet. Existem várias notícias falsas que são publicadas em sites duvidosos somente para fazer com que os mais desatentos cliquem nelas e gerar visualizações e monetização. Até mesmo grandes veículos de comunicação às vezes publicam textos equivocados ou tendenciosos.

Na dúvida, não publique.

5. Desconfiarás de cada ponto

Não é para ser paranoico, mas mesmo o mais idôneo meio de comunicação já cometeu gafes graves. Sempre leia fontes diferentes, e tente refletir por si só sobre o que leu. Dessa forma você cria independência e com o tempo, conseguirá filtrar melhor todas as minúcias escondidas dentro das mensagens.

6. Nunca comentará falácias

Não é necessário discutir muito sobre isso, melhor ver na prática: acesse o link www.papodehomem.com.br/falacias-logicas/ e leia a respeito. Aposto que você mesmo se surpreenderá do tanto de coisas falaciosas que executa durante suas discussões e não havia reparado.

7. Não alimentarás o troll

Trolls sempre vão existir e em vários casos, apenas são aqueles que desvirtuam toda uma boa discussão. Não caia nessa. Evite-os ou faça-os cair em seu próprio jogo.

8. Serás educado

Muitas vezes alguém perde a cabeça (principalmente em função do Quarto Mandamento) e começa a esbravejar xingamentos homofóbicos, xenofóbicos, sexistas... Cuidado para não entrar nisso. Mostre que você não precisa se rebaixar nesse ponto para levar a discussão adiante; não há necessidade de continuar um assunto quando alguém quer evitar qualquer diálogo coerente.


9. Cuidado com o que escreverás

Naturalmente, tudo aquilo que você escreve e publica pode ser interpretado de várias maneiras, de acordo com aquele que lê. Por isso, todo cuidado é pouco: muita dor de cabeça pode ser evitada se você ler e reler algo antes de confirmar o compartilhamento. Uma vez que a mensagem foi para a internet, você não tem ideia nenhuma de onde aquilo pode – e como – vai chegar.


10. Terás postura

Se publicar alguma coisa e se arrepender depois, aceite. Assuma que você se equivocou, mas hoje pensa diferente e que aquilo poderia ter sido reescrito de outra forma ou simplesmente não ter sido postado. Ser honesto é uma das maiores características impessoais do ser humano, e você estará sendo tanto consigo mesmo quanto para a comunidade virtual. Todos saem ganhando!

12 de mar. de 2016

Réquiem da dúvida

Cervejas e drinques eficientes,
garçom, alegre e tranquilo.
De mesa a mesa reconhecido,
esforçado era, sempre agradecido,
fala baixa, discreto e muito amigo.

(Porque assim tão próximo de Deus,
no tradicional cartão postal,
forçado deu seu último adeus?)

Mas a desgraça lhe rondava
da morte, não pôde se esconder.
Uma vez lhe tiraram o amor
diferente talvez, mas de valor
intolerância, com sangue a valer.

(Porque morrem tantos bons
se quem continua a viver semeia
dor e tristeza como dons?)

Da vida não se tem mais respeito
Mais uma vítima da covardia
Do ódio tolo, sozinho apanhava
Paus e socos, a vida lhe arrancava
E apesar das dores, ninguém ouvia.

(Porque  fazer sofrer tanto
aquele que de você não precisa
além de respeito e ponto?)

Um corpo frio no chão
depois de uma noite sem lua.
O sorriso não existe mais,
o segredo sombrio se faz,
na noite covarde da rua.


***
Ao mesmo tempo que experimento escrever em estilo de poesia, coisa que eu raríssimas vezes faço (e tomo iniciativa agora em função das aulas da universidade), gostaria de deixar aqui um pequeno registro de alguém que foi covardemente assassinado na madrugada desta sexta (11/03).

Esta poesia é para Adílio, um rapaz negro, gay e membro de religião africana — pessoa que já teve um namorado morto vítima de homofobia —, que foi espancado até a morte, após sair do trabalho e de forma terrivelmente covarde por socos e pauladas, cujo corpo foi encontrado por uma moradora de rua. Estranhamente, ninguém nas redondezas do acontecido ouviu algo suspeito...

Embora não fosse amigo próximo dele, várias vezes fui atendido de forma exemplar pelo próprio no bar onde trabalhava como garçom, no cartão postal aqui de São João del-Rei. Resta-me desejar um descanso confortável, e torcer para que alguma justiça seja feita.

27 de fev. de 2016

Reações (des)Conectadas?

Independent

Eu poderia escrever muita coisa sobre essa foto. Muita mesmo, o tanto de informação que a imagem passa é fora de série. Mas eu gostaria apenas de salientar, no meu ponto de vista, um futuro que eu tenho medo, que eu acho que estamos caminhando para ele cada vez mais afoitos, sem olhar para trás ou sequer pensar onde vamos chegar.

Entenda-se: estamos conectando cada vez mais pessoas, mas não relações. Um like vale cada vez mais que um cumprimento, um meme ou emoji substituem uma conversação, fazem-se entender por si só; eu mesmo costumo muito responder postagens usando memes. Estamos substituindo gradual e imperceptivelmente toda a deliciosa tensão gerada de um encontro real por um smiley genérico, um reforço de egos binário e uma visibilidade que infla a necessidade de participar, não ficando para trás dentre aqueles que se conhece.

Você pode substituir um abraço por uma curtida, por exemplo...

Estou sendo realista, mas não pessimista. Sério. vejo que estávamos de fato nos direcionando para que esse caminho fosse tomado, era um progresso natural até. Talvez não tão rápido, mas ainda assim nada surpreendente, mas a pergunta ainda é: vamos nos tornar somente um número, uma qualificação binária em uma rede "social"?

24 de dez. de 2015

A culpa é da criança!

Enquanto ia para casa, no meu horário de almoço, passei por várias pessoas sendo que a maioria delas eram crianças. Apesar de estar um tanto quanto distraído, não pude deixar de ouvir de uma mãe a seguinte expressão (embora não sejam exatamente essas palavras, mantenho-me o mais fidedigno possível com o teor da mensagem):
"A gente vê umas barbaridades que acontecem com crianças, mas tem hora que eu mesma penso em fazer uma besteira. Criança deixa qualquer um doido! É umas coisas que acontecem que a gente acaba vendo que no fundo, algumas coisas têm motivo para ter acontecido."
Ora ora... Quer dizer então que a criança é culpada simplesmente... Por ser criança? É justificável espancar alguém — alguém com meros cinco ou seis anos de idade — simplesmente por ser desobediente? Aliás, essa tal desobediência, não deriva do fato dos pais, quase sempre, faltarem com noções básicas de respeito, imposição gradual de limites, ser a referência que norteia aquela "folha em branco" que toma forma dia após dia?


Não psicólogo nem pedagogo, apenas um observador às vezes irrelevante dos fatos que acabo vendo aqui e ali. Mesmo que essa mãe tenha dito o que disse apenas no calor do momento, eu ainda acho que isso é preocupante: se em um momento simples ela pensa essas coisas, será que numa dada situação crítica, ela realmente não poderia ter uma atitude inumana? Não é questão de exagero; as pessoas são imprevisíveis, e elas só se dão conta disso quando a situação realmente está crítica.

Mal da geração Y? Gradual incapacidade dos pais serem pais? É torcer para a coisa melhorar, senão...



5 de dez. de 2015

Bipolaridades cotidianas

Essa semana, eu estava indo para o trabalho quando eu vi uma moça, muito bonita por sinal, em trajes de academia (embora muito discretos) seguindo tranquilamente pela rua. Um rapaz passou de moto, e me surpreendeu a quantidade de "elogios" que fez à mulher; embora eu não tenha sido capaz de entender por conta do capacete que ele usava e da distância, claramente eu vi que de elogio não tinha nada. A moça meio que se fechou, e procurou nas músicas que ouvia uma distração qualquer para aquilo que ela tinha ouvido e e ignorar a tolice que o cidadão tinha lhe dito.

O rapaz, ao passar por mim, me olhou com uma cara claramente satisfeita (como se tivesse salvado alguém), mas como eu o encarei com desaprovação, ele mudou a expressão para algo do tipo "e daí, ela gosta disso". E foi embora.

Isso me deixou triste. Não é a primeira vez que isso deve ter acontecido com essa moça — nem com várias e várias outras mulheres, rotineiramente —, mas eu sempre me pergunto: esse cara gostaria que fizessem isso se fosse uma filha, irmã, namorada ou noiva dele? É tão difícil se colocar no lugar do outro? Melhor: é tão complexo ter respeito pelo outro?


Isso foi na terça, bem cedo. Durante a semana, vi isso se repetir de forma muito clara, apenas de métodos diferentes, em vários locais, movimentados ou não.

Desanimei da humanidade mais uma vez nessa hora.

***

Fui buscar uma cartinha de criança para apadrinhar nos Correios aqui da cidade, ontem, sexta-feira. Passei no trabalho de uns amigos meus, arrastei dois caras comigo fomos na agência dar uma olhada. O atendimento foi rápido:

— Bom dia. Gostaria de saber se preciso enfrentar fila para ver algumas cartinhas de crianças, para o Natal.


— Bom dia senhor. Precisar precisa sim, mas não há necessidade mais, porque todas já foram apadrinhadas.

O moço sorriu, satisfeito. Deu pra ver na expressão dele uma certa satisfação, como se estivesse fazendo parte de um projeto bacana e útil para todos. E como de fato era: como não se sensibilizar quando você pega uma cartinha e uma garota de sete anos pede pão com mortadela e coca-cola para ela e a irmã? Ou outra, de um rapazinho de seis, querendo carne com batatas? Ou ainda, uma menina de cinco, querendo ganhar arquinho de cabelo e esmalte, porque "não se sentia bonita como as coleguinhas"?

Fiquei surpreso, e feliz. Muito feliz.

Reapaixonei-me pela humanidade mais uma vez nessa hora.

27 de nov. de 2015

Dicionário (im)Pessoal #1

Escrever | v. tr. | v. tr. e pron. | v. intr. | v. pron.

es·cre·ver |ê| - Conjugar
verbo transitivo
1. Pôr, dizer ou comunicar por escrito.
2. Encher de letras.
3. Compor, redigir.
4. Ortografar.
(...)
7. Dirigir-se por escrito a alguém.
(...)
8. Representar o pensamento por meio de caracteres de um sistema de escrita.
9. Formar letras.
10. Ser escritor.



Definições do Dicionário (im)Pessoal:
1. Pensar, pensar e pensar sobre o quê redigir no papel ou computador, quase sempre sem sucesso;
2. Indecisão sobre como começar;
3. Vergonha do que escreve, insatisfação, frustração consigo mesmo;
4. Ter mil e uma ideias na cabeça, mas nenhuma capaz de sair dela;
5. Exercer sua criatividade através de um método cujo qual você não domina;
6. Temor em errar feio uma palavra ou expressão, e receber chacota prontamente por isso;
7. Hobby necessário, mas difícil.

***
O Dicionário (im)Pessoal são conceitos de palavras corriqueiras mas que, ao contrário do livro tradicional, foge à regra por permitir interpretações diferentes por cada um que leia aquele termo. Fica a pergunta: o que a palavra da vez lhe traz de experiências, memórias ou sensações? Comente!

9 de jan. de 2015

Feliz 2015!

Feliz 2015, que já começa com vinte pessoas mortas ao todo na França em função da intolerância religiosa em prol de um deus que prega a paz e união entre os povos.

Feliz 2015, que também mostra uma mídia que acha que pode publicar qualquer coisa de qualquer um "em nome da liberdade de expressão" e espera nunca ser reprimida contra isso. Censura, dizem em todo lugar, doa a quem doer.

Feliz 2015 para as mulheres que ainda são consideradas de "menor valia" dentro da maioria das organizações religiosas existentes mesmo sendo uma delas escolhida e deu origem ao "salvador".

Feliz 2015 para ateus que são considerados umas das minorias mais indesejáveis do Brasil. Mesmo quando você não mata ninguém por uma entidade cósmica que você acredita - nem nunca viu.

Feliz 2015 para negros e homossexuais, que também são pária rente à sociedade, mas ao contrário dos ateus, é mais difícil esconderem o que são.

Feliz 2015, quando na Rússia temos agora que transexuais não podem tirar mais carteira de motorista porque "tem transtornos mentais". Assim como os fetichistas, exibicionistas e voyeuristas.

Feliz 2015, quando se tem uma estrutura religiosa vigente que segrega, pune e visa dinheiro acima de tudo, deixando escorrer entre os dedos conhecimentos medievalescos e tratamento humano beirando a zero. "Em prol do rebanho".

Feliz 2015, lembrando que deus se esqueceu da África e de outras regiões exploradas ao talo. Porque o importante é garantir o carro novo, a TV LED de 50" ou tomar conta do que o outro faz com o próprio corpo.

Feliz 2015 pra mim, porque apesar de eu não roubar, sonegar, matar, estuprar, furtar, blefar, intimidar, torturar ou fazer qualquer outro mal a alguém, ainda assim mereço ir pro inferno (seja qual deles for) porque tenho tatuagem, transei antes do casamento, como carne de porco e não acredito em deus.

2015 promete!

19 de dez. de 2014

Cinco coisas que os (velhos) jogos de videogames me ensinaram para a vida adulta

Fato: seja numa mesa de bar, na casa de alguém ou perambulando na rua, basta alguém comentar de algum jogo antigo que uma enxurrada de opiniões começam a pipocar de todos os lados. E foi pensando nisso, já que sempre presencio este tipo de assunto, que me veio em mente de escrever como eu acho que os jogos das gerações antigas foram muito mais benéficos para mim que os atuais - sem qualquer tipo de menosprezo, claro, até porque, muita coisa de hoje eu não joguei.

1. Aprender a se virar sem instruções de qualquer tipo

Pegue a maioria dos jogos de SNES, Mega Drive, Master System ou PSX: quais deles tinham algum tipo de tutorial lhe explicando alguma coisa, qualquer coisa, desde os comandos mais básicos aos mais complexos?

Certo, certo. Há sim alguns jogos que lhe oferecem algum tipo de instrução elementar, mas na maioria das vezes, bastava colocar o jogo no videogame, esperar carregar, apertar Start e mandar ver; mesmo aqueles que tinham algum meio de ensiná-lo a jogar também não era necessariamente simples. Em poucos minutos, você já se via em meio a tiroteios frenéticos ou aventuras cabulosas e terrivelmente difíceis.

Era uma época que sem Internet, ou você conseguia ajuda com alguém que já passou por aquela parte do jogo que você está agarrado ou conseguia uma revista lhe descrevendo passo-a-passo o que fazer (os famosos detonados). Ou seja: você se virava.

E sem discussão.

O vídeo abaixo é um dos meus preferidos. É grandinho, mas mostra exatamente o ponto da coisa usando a série Mega Man como exemplo:


Quantas vezes você já zerou um jogo e descobriu só mais tarde que havia um comando ou habilidade que, se soubesse na época, facilitaria (e muito) sua jornada? Assim também não funciona rotineiramente no trabalho, no social, na família, no ato de aproveitar oportunidades que surgem do nada?

E foi assim que aprendi a levar a mecânica gamer old school para minha vida adulta: as pessoas vivem te ensinando as coisas - muitas vezes de forma errada - e você só de fato aprenderá o que e como fazer na prática, no calor do momento. Não é culpa delas (sempre), mas não necessariamente o que elas fizeram que deu certo também dará para mim. Sem muita conversinha: ou aprende e se adapta ao contexto ou fica para trás, o que nos leva ao ponto de que...

2. Tudo é uma dificuldade constante

Muitos jogos antigos não tinham sequer opção de escolher alguma dificuldade. Às vezes, no máximo, você ia nas opções do jogo e aumentava suas vidas por lá e só, o que nunca garantia necessariamente que você sequer chegaria ao final: quem jogou R-Type ou Darius, aqueles joguinhos de nave de scroll lareral sabe bem o que estou dizendo.

Darius Twin: joguinho porreta de difícil já na primeira fase

Não que os jogos atuais sejam fáceis, mas naquela época, até por limitação técnica, muitos segredos e a própria habilidade do jogador influenciavam em muito para que ele chegasse ao fim de um game. Era preciso reflexos rápidos, atenção e muita perspicácia para perceber aqueles píxels levemente de cor diferentes ali estão indicando uma parede oculta. Pegue Mega Man 1 e 2 de NES (quando ele nem carregava o tiro) ou Crash Bandicoot de PSX (para conseguir todas as gemas) por exemplo.

Contra III: como descabelar um jogador de tanta raiva

Sem save states de emulador, no máximo alguns continues. E a tela de Game Over era muito, muito frequente de se ver.

Não muito diferente, se for pensar, do meu dia a dia. Claro que eu sempre tento arrumar um jeito de fazer as coisas da forma mais simples possível, mas como quase nada depende da gente, não adianta "xingar os controles ruins": ou você se vira com aquilo que tem, ou pode desistir para que outro jogador entre no seu lugar.

É aquele caso: apesar de tudo ir contra, não vou saber como o jogo termina se não continuar, mesmo aos poucos, avançando pelas fases. E assim funciona na vida em si.

Mas a dificuldade de tudo é agravada ainda mais porque, no meu trabalho rotineiramente os...

3. Recursos são escassos

Até hoje eu tenho a mania de enquanto estar jogando alguma coisa, economizar o máximo de recursos possíveis, mão-de-vaca mesmo. Aprender a gerenciar e tomar decisões dentro de um cenário de jogo é muito importante, tanto para poder evitar um problema quanto para sanar os danos dele caso irremediavelmente ele aconteça. Pegue Sim City, com as catástrofes que acontecerão em sua cidade lindamente construída e você tem exatamente o quanto é importante se preparar para momentos de necessidade.

Não é a toa que os gamers são geralmente bem sucedidos por conta de suas habilidades dentro de um cenário empreendedor.

Quem jogou os jogos mais antigos da série Resident Evil ou Silent Hill sabe como é importante saber carregar itens certos na hora certa.


Starcraft, Warcraft, Age of Empires, Command & Conquer... Jogos de estratégia militar que também utilizam gerência de recursos e rápida ação do jogador antes que seja dominado pelo exército rival. Top Gear eu sempre pegava o carro branco porque ele consumia menos, e ainda me lembro das melhores pistas que ele não precisa parar para abastecer.

Saber gerenciar alguma coisa - talento de pessoas ou suprimentos de qualquer tipo - é imprescindível na vida de qualquer pessoa que tem fontes de recurso restritas. Em geral, meus amigos e eu não ganhamos relativamente bem para nos sustentar e depender minimamente possível de nossos pais, mas ainda assim temos que pensar duas vezes antes de gastar a mais em um determinado mês para não sobrecarregar os outros. No trabalho, no meu especificamente, normalmente as ideias que os clientes tem para criação de materiais gráficos não casam com orçamento que eles dispõem. Há quem trabalhe com muitas pessoas, que precisa ainda organizar os respectivos talentos e egos para que a equipe dê resultado. Tudo que, por fim, está ligado a atitude de...

4. Valorizar relações

Pegue os excelentes RPG's antigos: Final Fantasy (até o X de PS2), Dragon Quest, Chrono Trigger/Cross, Legend of Dragoon, Terranigma, Grandia... Se puder jogar algum deles, perceba a interação que existe entre os personagens.

Pegue meu preferido, Final Fantasy III (o VI no Japão). Veja os objetos de cada personagem, a relação de amizade e amor, a importância da família e dos amigos em momentos de crise, e você terá, mesmo dentro daqueles pixels simples, um valor pelo humano tão grande que você se sentirá falta daquilo no seu dia a dia. Quem não jogou ainda sugiro jogar e descobrir a missão de Locke, a relação de Shadow, Relm e Stragos, a decisão de Sabin em abrir mão de ser príncipe enquanto seu irmão Edgar teve que assumir o trono, a cena triste da tomada do castelo do cavaleiro Cyan...

Celes na cena da Opera House. Veja a cena completa aqui

São jogos que muito além de serem simplesmente jogos, mostrava relações crescentes do decorrer do jogo - assim como as nossas, na vida real, com as pessoas que conhecemos e depois nos tornamos amigos. Todo um curso em prol de um bem maior somente é necessário quando todos abraçam a causa, já que...

5. Quando bem feitas, ideias se tornam inspirações para outras que surgirão posteriormente

Se você acha que jogos antigos são sinônimos de coisas ultrapassadas, basta olhar essa lista aqui, aqui ou aqui e ver a quantidade de jogos da velha guarda existem nelas. Claro que listas são muito parciais, mas as coincidências

Coisas bem feitas duram. Tem valor, são respeitadas e tem seu lugar garantido dentro do seu contexto.

Nos videogames não poderia ser diferente, claro. Perceba que até hoje, mesmo com tanta evolução gráfica, boa parte dos times de programadores tem sua inspiração baseada em pérolas de dez, vinte anos atrás.

Pense rápido: você é capaz de dizer ou o nome do personagem ou do jogo que ele participa?

Selecione o texto entre as aspas para saber quem é este personagem: "Nathan Drake, da série Uncharted"

Mas certamente, mesmo que você não seja um gamer, quase saberá o nome deste aqui:

Selecione o texto entre as aspas para saber quem é este personagem: "Ryu, de Street Fighter"

Bônus: o poder da interação social

Só como adendo, ao contrário dos jogos de hoje, antigamente era necessário que dois ou mais jogadores estivem ali, ao vivo e a cores, para jogarem juntos. A zoação, diversão e a o valor disso naturalmente é uma coisa que Internet alguma pode oferecer.

Até hoje, meus amigos, minha namorada e eu nos encontramos para jogar alguma coisa - e quase sempre, acabamos por estar jogando alguma coisa antiga, mesmo com nossos poderosos consoles de última geração.

Os melhores jogos de XBOX por exemplo são aqueles que usam o Kinetic, e mesmo assim, grande parte deles só quando se tem alguém para jogar junto.

E em um mercado competitivo como hoje, saber respeitar diferenças mas também ter habilidade em interagir ao


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Games não são simplesmente entretenimento eletrônico - não somente na essência. São poderosas formas de desenvolvimento para crianças e adolescentes e até salvam vidas (aqui, aqui ou aqui). E eu sou muito feliz por ter tido a oportunidade de pegar essa geração antiga e entender que hoje, ter muita coisa que eu tenho, foi graças aos videogames lá da minha adolescência que auxiliaram este processo.

E vamos jogar, galera!

12 de dez. de 2014

Os coxinhas que não sabem ser coxinhas

Eu já estava com um texto quase pronto sobre o PirateBay para postar, mas meu amigo que se mudou para São Paulo recentemente me mandou esse pequeno documentário que ele fez das manifestações contra o PT lá, no último dia 6.

Mas em vez de escrever qualquer coisa, deixo aqui o vídeo, que fala por si só. Menos de cinco minutinhos.

Assista atentamente:



Destaco:
  • Não temos nenhum partido de direita no Brasil, todos são de esquerda;
  • Este movimento é espontâneo e apartidário [segue imagem do Serra];
  • FHC é mais comunista que o Lula [?].
Acho que nem preciso comentar sobre, confere?

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Apenas para facilitar a consulta sobre alguns termos:
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Independente de qualquer coisa, friso minha posição quase que apolítica não por querer em ficar em cima da do muro, mas porque na verdade enxergo a maracutaia de partidos brasileiros que no fim, são tudo farinha do mesmo saco - que nação precisa de mais de trinta partidos políticos, minha gente?. Mas isso também fica para outro post.

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