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24 de dez. de 2015

A culpa é da criança!

Enquanto ia para casa, no meu horário de almoço, passei por várias pessoas sendo que a maioria delas eram crianças. Apesar de estar um tanto quanto distraído, não pude deixar de ouvir de uma mãe a seguinte expressão (embora não sejam exatamente essas palavras, mantenho-me o mais fidedigno possível com o teor da mensagem):
"A gente vê umas barbaridades que acontecem com crianças, mas tem hora que eu mesma penso em fazer uma besteira. Criança deixa qualquer um doido! É umas coisas que acontecem que a gente acaba vendo que no fundo, algumas coisas têm motivo para ter acontecido."
Ora ora... Quer dizer então que a criança é culpada simplesmente... Por ser criança? É justificável espancar alguém — alguém com meros cinco ou seis anos de idade — simplesmente por ser desobediente? Aliás, essa tal desobediência, não deriva do fato dos pais, quase sempre, faltarem com noções básicas de respeito, imposição gradual de limites, ser a referência que norteia aquela "folha em branco" que toma forma dia após dia?


Não psicólogo nem pedagogo, apenas um observador às vezes irrelevante dos fatos que acabo vendo aqui e ali. Mesmo que essa mãe tenha dito o que disse apenas no calor do momento, eu ainda acho que isso é preocupante: se em um momento simples ela pensa essas coisas, será que numa dada situação crítica, ela realmente não poderia ter uma atitude inumana? Não é questão de exagero; as pessoas são imprevisíveis, e elas só se dão conta disso quando a situação realmente está crítica.

Mal da geração Y? Gradual incapacidade dos pais serem pais? É torcer para a coisa melhorar, senão...



5 de dez. de 2015

Bipolaridades cotidianas

Essa semana, eu estava indo para o trabalho quando eu vi uma moça, muito bonita por sinal, em trajes de academia (embora muito discretos) seguindo tranquilamente pela rua. Um rapaz passou de moto, e me surpreendeu a quantidade de "elogios" que fez à mulher; embora eu não tenha sido capaz de entender por conta do capacete que ele usava e da distância, claramente eu vi que de elogio não tinha nada. A moça meio que se fechou, e procurou nas músicas que ouvia uma distração qualquer para aquilo que ela tinha ouvido e e ignorar a tolice que o cidadão tinha lhe dito.

O rapaz, ao passar por mim, me olhou com uma cara claramente satisfeita (como se tivesse salvado alguém), mas como eu o encarei com desaprovação, ele mudou a expressão para algo do tipo "e daí, ela gosta disso". E foi embora.

Isso me deixou triste. Não é a primeira vez que isso deve ter acontecido com essa moça — nem com várias e várias outras mulheres, rotineiramente —, mas eu sempre me pergunto: esse cara gostaria que fizessem isso se fosse uma filha, irmã, namorada ou noiva dele? É tão difícil se colocar no lugar do outro? Melhor: é tão complexo ter respeito pelo outro?


Isso foi na terça, bem cedo. Durante a semana, vi isso se repetir de forma muito clara, apenas de métodos diferentes, em vários locais, movimentados ou não.

Desanimei da humanidade mais uma vez nessa hora.

***

Fui buscar uma cartinha de criança para apadrinhar nos Correios aqui da cidade, ontem, sexta-feira. Passei no trabalho de uns amigos meus, arrastei dois caras comigo fomos na agência dar uma olhada. O atendimento foi rápido:

— Bom dia. Gostaria de saber se preciso enfrentar fila para ver algumas cartinhas de crianças, para o Natal.


— Bom dia senhor. Precisar precisa sim, mas não há necessidade mais, porque todas já foram apadrinhadas.

O moço sorriu, satisfeito. Deu pra ver na expressão dele uma certa satisfação, como se estivesse fazendo parte de um projeto bacana e útil para todos. E como de fato era: como não se sensibilizar quando você pega uma cartinha e uma garota de sete anos pede pão com mortadela e coca-cola para ela e a irmã? Ou outra, de um rapazinho de seis, querendo carne com batatas? Ou ainda, uma menina de cinco, querendo ganhar arquinho de cabelo e esmalte, porque "não se sentia bonita como as coleguinhas"?

Fiquei surpreso, e feliz. Muito feliz.

Reapaixonei-me pela humanidade mais uma vez nessa hora.

27 de nov. de 2015

Dicionário (im)Pessoal #1

Escrever | v. tr. | v. tr. e pron. | v. intr. | v. pron.

es·cre·ver |ê| - Conjugar
verbo transitivo
1. Pôr, dizer ou comunicar por escrito.
2. Encher de letras.
3. Compor, redigir.
4. Ortografar.
(...)
7. Dirigir-se por escrito a alguém.
(...)
8. Representar o pensamento por meio de caracteres de um sistema de escrita.
9. Formar letras.
10. Ser escritor.



Definições do Dicionário (im)Pessoal:
1. Pensar, pensar e pensar sobre o quê redigir no papel ou computador, quase sempre sem sucesso;
2. Indecisão sobre como começar;
3. Vergonha do que escreve, insatisfação, frustração consigo mesmo;
4. Ter mil e uma ideias na cabeça, mas nenhuma capaz de sair dela;
5. Exercer sua criatividade através de um método cujo qual você não domina;
6. Temor em errar feio uma palavra ou expressão, e receber chacota prontamente por isso;
7. Hobby necessário, mas difícil.

***
O Dicionário (im)Pessoal são conceitos de palavras corriqueiras mas que, ao contrário do livro tradicional, foge à regra por permitir interpretações diferentes por cada um que leia aquele termo. Fica a pergunta: o que a palavra da vez lhe traz de experiências, memórias ou sensações? Comente!

9 de jan. de 2015

Feliz 2015!

Feliz 2015, que já começa com vinte pessoas mortas ao todo na França em função da intolerância religiosa em prol de um deus que prega a paz e união entre os povos.

Feliz 2015, que também mostra uma mídia que acha que pode publicar qualquer coisa de qualquer um "em nome da liberdade de expressão" e espera nunca ser reprimida contra isso. Censura, dizem em todo lugar, doa a quem doer.

Feliz 2015 para as mulheres que ainda são consideradas de "menor valia" dentro da maioria das organizações religiosas existentes mesmo sendo uma delas escolhida e deu origem ao "salvador".

Feliz 2015 para ateus que são considerados umas das minorias mais indesejáveis do Brasil. Mesmo quando você não mata ninguém por uma entidade cósmica que você acredita - nem nunca viu.

Feliz 2015 para negros e homossexuais, que também são pária rente à sociedade, mas ao contrário dos ateus, é mais difícil esconderem o que são.

Feliz 2015, quando na Rússia temos agora que transexuais não podem tirar mais carteira de motorista porque "tem transtornos mentais". Assim como os fetichistas, exibicionistas e voyeuristas.

Feliz 2015, quando se tem uma estrutura religiosa vigente que segrega, pune e visa dinheiro acima de tudo, deixando escorrer entre os dedos conhecimentos medievalescos e tratamento humano beirando a zero. "Em prol do rebanho".

Feliz 2015, lembrando que deus se esqueceu da África e de outras regiões exploradas ao talo. Porque o importante é garantir o carro novo, a TV LED de 50" ou tomar conta do que o outro faz com o próprio corpo.

Feliz 2015 pra mim, porque apesar de eu não roubar, sonegar, matar, estuprar, furtar, blefar, intimidar, torturar ou fazer qualquer outro mal a alguém, ainda assim mereço ir pro inferno (seja qual deles for) porque tenho tatuagem, transei antes do casamento, como carne de porco e não acredito em deus.

2015 promete!