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25 de mar. de 2016

Remédios

Enquanto ia para o trabalho essa semana, vi duas pessoas de idade, ambos com aparentemente setenta anos, um homem e uma mulher, conversando sobre saúde e remédios. Aparentemente já eram conhecidos de longa data (mas não com um relacionamento), e caminhavam com a limitação comum da idade.

Eu passava próximo a eles, e escutei o seguinte diálogo:

— Eu parei de tomar meus remédios — diz o homem.
— Por quê?
— Quanto mais remédio eu tomava, mais fraco eu estava. Tomava um remédio para cuidar de uma coisa, piorava outra. Arrumei um que agora tem me feito bem melhor agora.
— Qual?
— Caipirinha.
— Mas você não estava podendo beber...
— Nem estou podendo mesmo. Mas azar.
— Faz isso não homem. Pode te dar problema aí...
— Ah, azar. Já estou velho demais para ficar dando dinheiro pra esse povo que só quer ver a gente doente e ganhar em cima. Arrumei uma pinguinha aí, uns limões e sal, e mando pra dentro na hora do almoço. Fico bem, relaxado, nem preciso exagerar. Até a dor na perna sarou. Minha filha não gosta, mas eu não estou nem aí, é só um pouquinho por dia. Tenho me sentido realmente bem mais disposto, tanto por pegar e fazer um negócio que muito tempo não tomava quanto pelas lembranças que isso me traz.
— Uai, vou tomar uma co'cê lá...
— Vamos lá, sô. 'Cê vai ver a diferença que é.

E assim fui para o trabalho, com a boca seca para tomar minha caipirinha do dia.

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