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11 de nov. de 2016

Olha o RPG!

Quem me conhece sabe da importância que o RPG de mesa tem na minha vida. Fiz (e consolidei) muitas amizades dentro da mesa de jogo, e hoje basicamente o jogo não serve só para contar histórias, mas também uma oportunidade de ver alguns amigos e manter contato semanalmente.

Eu não conseguiria definir melhor a sensação do que é jogar RPG do o vídeo a seguir. Identifiquei muito daquilo que me fez cativar por esse estilo exótico de imaginar e contar histórias nele. Vejam!

4 de nov. de 2016

Guerreiros

Todo dia cedo, quando estou indo para o trabalho, um cidadão me vê perto da rodoviária por onde eu passo e me dá um bom dia.

"Bom dia guerreiro!". É o que ele sempre me diz.

Ele é uma pessoa humilde, vive na rua, creio eu. Já o vi várias vezes na região desta rodoviária, ou perto do coreto, deitado em papelões e coberto por uma manta fina. Ele trabalha lavando carros, ajudando alguns taxistas daquele ponto, em troca de alguns trocados ou comida.

Uma vez me disseram que ele usa drogas (já o vi em estado alterado algumas vezes), e tem uma ferida feia na perna. Vive pedindo ajuda para poder pagar a troca do curativo desse machucado.

Não pede esmola. Pede ajuda.

Se ele realmente usa o dinheiro para esse fim, não posso dizer que sim. Mas posso dizer com certeza que não sou guerreiro assim. Não é questão de comparação pura e simplesmente: não é simplesmente aceitar que esse rapaz e eu vivemos em realidades distintas.



"Guerreiro".

Quem dera eu ser um guerreiro. Falta-me muita coisa para sequer começar a trilhar o caminho do combatente moderno, para conseguir enfrentar o monstro da realidade cotidiana.

Mas pelo menos, tenho sobrevivido a uma batalha por dia. Por trinta anos, praticamente.

Hora então de buscar uma transição do campo de combate. Mudança de tática.

Boa noite, guerreiros.

21 de out. de 2016

Dicionário (im)Pessoal #5

Noção | s. f.

no·ção

Substantivo feminino
1. Ideia que se tem de uma coisa.
2. Conhecimento, notícia.
3. Conhecimento elementar.
4. Exposição sumária.

Fonte

Definições do Dicionário (im)Pessoal:
1. Saber que mexer com uma mulher na rua, especialmente com uma garota de 14 anos, não é algo legal (sim, eu vi isso hoje: um rapaz que trabalhava em uma obra começou a assoviar para a menina voltando da escola, que tinha mais ou menos essa idade, e chamando-a pra entrar na construção com ele; ele me viu e ficou fazendo cara feia pra mim, mas eu fiquei encarando o cidadão e ele se retirou);
2. Saber onde seu direito termina e onde começa o do outro;
3. Entender que a zoeira não tem limite, mas tem hora, e pode ser uma excelente ferramenta de socialização em muitos casos;
4. Assumir nem que seja minimamente suas responsabilidades, deveres e falhas.

***
O Dicionário (im)Pessoal são conceitos de palavras corriqueiras mas que, ao contrário do livro tradicional, foge à regra por permitir interpretações diferentes por cada um que leia aquele termo. Fica a pergunta: o que a palavra da vez lhe traz de experiências, memórias ou sensações? Comente!

14 de out. de 2016

Memórias [Conto]

— Com trinta centímetros de metal atravessado em suas entranhas, só um idiota ainda acredita na fé.

O guerreiro, caído no vau do rio, escuta uma voz espectral dizer isso. Ignorando a fala, e com as poucas forças que ainda lhe restavam, segurou o terço na sua mão, pois não era pela fé que tal objeto era relevante para ele: um belo crucifixo feito de prata pura feito no melhor ourives da cidade de Elarin. Não, não mesmo.

— Assim como tem sido em toda a História, o método mais efetivo para se estabelecer em uma contenda ainda é pelo derramamento de sangue a mando de poucos que “acham” que sabem de alguma coisa. Coitado... Coitados de vocês, almas ignorantes, que por conta da ilusão da honra, acreditam fazer uma gloriosa batalha contra um inimigo que na verdade também é tão torpe. Pena!

Essa voz... Seria a Morte se fazendo presente neste momento?

Para o inferno com isso. Não faz mais diferença, pois o soldado caído não sente mais medo, apenas frio, e morrer agora é só uma questão de tempo. O som dos corvos revoando, escolhendo qual dos corpos seria o mais apetitoso, e dos outros já se banqueteando das vísceras dos derrotados, lhe dão uma mórbida paz. A água corrente e gelada passando por dentro da sua armadura era pacificadora, pois levava embora em tom rubro seu sangue sujo e culpado de outras mortes cujas quais fora o executor. Era este o fim: morrer em batalha buscando conquistar os campos férteis daquela região. Que original...

— Entendi porque concentra suas poucas forças neste objeto, homem — a voz calma e macabra corta os pensamentos do combatente moribundo. — Não é o objeto, é quem lhe deu de presente. São memórias. Você lutou e chegou até aqui não por ideal, mas para fazer jus a algumas memórias. Tolo... Tolo! Não por desejar fazer com que essas lembranças sobrevivam, mas por se apegar a elas dentro de um campo de guerra. Você vai morrer... Sim, e logo... Mas por mais que tenha lutado com bravura, não será sobre você que os menestréis cantarão. Quem lhe deu o presente nunca saberá que fim aconteceu com você, pois até seus mensageiros foram mortos. Essa pessoa... Essa pessoa também morrerá na dúvida, com amargura infinita por não saber que fim teve seu amado. E seu presente... Presente tão belo, será levado por um corvo para um lugar qualquer e por ali perdido, pois sabe que essas aves gostam de coisas brilhantes, ou saqueado por algum fazendeiro ou carniceiro, derretido e vendido para se tornar um dente, uma presilha de cinto ou o detalhe de uma taça para lábios gordos, justo aqueles que ditam quando uma guerra começa ou termina. Ó fim mais imoral terá!

Her Cold Embrace • TheMichaelMacRae
Finalmente, a visão do soldado começa a ficar mais e mais turva. Ainda tem tempo de sentir um fio quente cruzando seu rosto (seria suor ou uma lágrima?), a última fonte de calor que se lembra desde o fim do combate. As pálpebras ficam pesadas, e o dia vira noite rapidamente. Os sons vão ficando longe, sumindo cada vez mais, e por fim, um balbuciar se esvai através do eco que foge pelas lacunas do pesado elmo:

— Te... a... mo...

16 de set. de 2016

Além do felizes para sempre: quatro motivos pelos quais o casamento não compensa

Quando se está em um relacionamento de médio a longo prazo, não tarda os famosos "vai casar quando?" ou "e ae, já pensando no casório?".

Eu namoro há 8 anos, e é quase uma rotina que as pessoas cheguem para mim e pergunte "quando será o próximo passo do relacionamento". Porra, como se isso fosse definitivamente determinante para que mais 8 anos viessem!

Antes que alguém me questione, até o momento, minha namorada também partilha da mesma opinião de não querer casar. Para explicar melhor isso, uma listinha básica de porque eu acho que, na minha opinião, é uma tolice casar:

1. Eu não sou religioso

Pra quê eu tenho que entrar dentro de um templo cujo qual os valores não são relevantes para mim? Acredito que seria muita hipocrisia da minha parte fazer parte de um ritual cujo qual não partilho a convicção só para agradar os outros. Até porque...

2. É tudo muito caro

"Olhe querida, toda essa maravilha que nunca poderemos ficar porque temos que pagar nossa festa!"

Pense bem: com a grana de um investimento de um casamento, eu poderia viajar com ela para vários locais bacanas, conhecer gente nova, ter experiências bacanas ou, pelo menos, equipar bem minha morada com a minha então esposa.

Uma festa razoável aqui na região fica entre 20 e 50 mil reais, e eu sempre achei que fazer festas de casamento é mais para os convidados do que para os noivos em si. Existe uma carga de simbolismo enorme em cima do casório e justamente por isso...

3. Casar é para mostrar para os outros que você se casou

Eu sempre preferi as coisas um pouco mais simples (embora agora na faculdade de Letras me fizeram questionar o o que seria algo "simples", mas isso fica para outro texto"). Toda aquela pompa, aquela coisa bonita, trajes caros, mídia... bleh.

Sabe do quê preciso do meu lado? Dos melhores amigos que tenho e de alguns parentes que considero, além de claro, da Kaiser latão trincando no freezer, uma piscina, uma alcatra assando numa churrasqueira de menos de meio metro quadrado tocando alguma música cuja qual já não consigo mais entender qualé. Saca?

4. O simbolismo pesa

Algemas de dedos?

Talvez, o mais importante dos motivos que me levam a não assumir um casamento seria o fato do peso que o termo possui. Casamento em geral é como se fosse uma nova etapa de vida, avanço, a chegada de uma responsabilidade social que cedo ou tarde viria. Há aqueles que atribuem ao casamento uma possível mudança de vida por parte de um (ou ambos)!

Não concordo. Acho que até por conta disso que muito relacionamento por aí afunda: o excesso da responsabilidade, a cobrança que se tem em cima do termo "casado". Não poderia ser simplesmente duas pessoas que estão juntas de comum acordo? Não poderíamos deixá-las livres dessa cobrança para que o relacionamento possa fluir sem um termo a menos?

***

Enfim, breves motivos, dentre vários outros que ainda poderia discutir aqui, de como eu vejo na minha vida um casamento como parte desnecessária. Naturalmente, esta é uma opinião minha, Mas e você leitor, o que acha?

9 de set. de 2016

Setembro Amarelo: porque é importante sim estar aberto a ouvir qualquer pessoa

No mês de setembro, começa a campanha do Setembro Amarelo: para quem não sabe, é o mês que se desenvolve uma campanha conscientizadora contra o suicídio, além de também promover meios para combater o tabu cujo qual o tema está envolvido. Em 2016, o ponto alto da campanha se dará no dia 10/09, e o tema é abordado no mundo todo. No Brasil, desde veículos tradicionais de comunicação (Estadão e o Jornal do Brasil, por exemplo) a até times de futebol engajam-se no assunto.

Uma pessoa se mata no Brasil a cada 45 minutos; no mundo, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos. É muita coisa, incapaz de se passar desapercebido. Inclusive, esta semana um rapaz de 16 nos se matou aqui perto de casa, pulando do quarto andar de um prédio. Uma moça que passava próximo a ele ainda o escutou dizer, antes de vir a desfalecer no asfalto:

Diz pro meu pai e pra minha mãe me perdoarem, tá?

Mas este texto foi feito com um outro propósito. Por esses dias, uma imagem começou a rolar no Facebook. Achei-a muito pertinente: é esta a seguir:


A descrição que acompanhava o post da imagem era a seguinte:

#SetembroAmarelo
.
Esta campanha é de incentivo as pessoas procurarem ajuda de um profissional de Psicologia! [grifo meu]
Setembro Amarelo é um movimento mundial que objetiva conscientizar a população sobre a realidade do suicídio e mostrar que existe prevenção em mais de 90% dos casos. 
O suicídio é considerado um problema de saúde pública e mata 1 brasileiro a cada 45 minutos e 1 pessoa a cada 40 segundos em todo o mundo. 
O movimento Setembro Amarelo é estimulado mundialmente pelo IASP – Associação Internacional pela Prevenção do Suicídio.
Procure ajuda de um Profissional de Psicologia. [grifo meu]
http://www.crpsp.org/site/
http://cvv.org.br/

Achei a imagem muito pertinente e compartilhei. Não tarda, algumas pessoas começam a refutar a ideia, mandando um X de vermelho e criticando justamente o que grifei no texto citado acima.

Não sou psicólogo, embora muitos amigos insistem em dizer que deveria ter sido um. E nunca gostei do termo "conselhos", pois é muito fácil opinar sobre algo que você não está envolvido (sempre preferi falar sobre "o meu ponto de vista" sobre algo).

Mas de uma forma ou de outra, onde quero chegar: às vezes, um papo pode ser a diferença entre a vida e a morte de alguém. Podemos, mesmo sem uma formação formal, pelo menos incentivar uma pessoa com um quadro que pode vir a se tornar suicida a ter uma atitude um pouco mais positiva ou, no mínimo, criar coragem para ir a um profissional especializado.

Nunca serei capaz de substituir um bom profissional para esses casos, mas posso pelo menos, me manter aberto e interessado na saúde mental básica a alguém, indicando aqueles que por sua vez poderiam de fato ajudá-la. Ela precisa saber que é importante, que tem sim um papel neste mundo, e que mesmo que esteja em profunda tristeza, não significa que não há nada que possa fazer.

Sempre há alguma coisa a se fazer sim. E se para essa pessoa minha inbox for útil, assim será.

Quem nunca se sentiu sufocado, a fim de conversar sobre algo só para descarregar aquela coisa ruim? Para fazer isso, é certo que a pessoa confie na outra para fazê-lo.

Fique completamente atento a sinais que uma pessoa que pode vir a se suicidar revela. No entanto, nunca, nunca ignore-a ou faça-a achar que você não pode, pelo menos minimamente, contribuir para fazê-la se sentir útil e importante, necessária, que sua vida interrompida de forma abrupta não será boa para ninguém.

6 de ago. de 2016

Dicionário (im)Pessoal #4

Orgulho | s. m.

or·gu·lho 
(1ª pess. sing. pres. ind. de orgulhar)

Substantivo masculino
1. Manifestação do alto apreço ou conceito em que alguém se tem.
2. Soberba ridícula.
3. Brio.

Fonte da imagem

Definições do Dicionário (im)Pessoal:
1. Sentimento até certo ponto necessário e benéfico, mas facilmente torna-se corruptível e tóxico, corroendo relações e exacerbando propriedades inúteis;
2. Ego exagerado, facilmente ligado à ignorância, rancor e falsidade;
3. Incapacidade de se admitir com um defeito (que geralmente todos já sabem que se tem).
4. Ironicamente, falta de confiança em si próprio.

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O Dicionário (im)Pessoal são conceitos de palavras corriqueiras mas que, ao contrário do livro tradicional, foge à regra por permitir interpretações diferentes por cada um que leia aquele termo. Fica a pergunta: o que a palavra da vez lhe traz de experiências, memórias ou sensações? Comente!