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13 de nov. de 2014

Como uma bunda se tornou mais importante que o universo

Veja bem: uma sonda conseguiu esta semana a proeza sem precedentes de pousar em um cometa. Feito épico, com possibilidade de se estudar mais sobre a origem de toda a vida, envolvendo o investimento de no mínimo um bilhão de dólares e que, se tudo der certo, em algum tempo teremos a análise química da estrutura do corpo celeste fornecendo melhores dicas e possibilidades de estudo sobre o universo que nos cerca.

Imagem feita pela sonda Philae do cometa 67P/, captada na quarta
Mas pra grande maioria das outras pessoas, isso não faz diferença. Temos coisa melhor pra nos preocupar, tipo... uma bunda.


A repercussão das fotos da socialite Kim Kardashian essa semana foi estrondosa. Estrategicamente falando, foi um grande acerto da personalidade, que possui um marketing impecável a ponto de ganhar uma página dupla na Paper e mais de meio milhão de likes no Instagram. Fotos foram feitas milimetricamente estudadas para impactar e até este meu post vai fazer alguns prováveis leitores a procurar mais sobre a atriz - a crítica foi previamente planejada para dar força ao mito. Não é genial?

Tudo previamente preparado a ponto de fazer o pouso pioneiro se tornar... nada. E olha que fomos inclusive capazes de obter sons do tal cometa.

Break the Internet. Bingo.

Perdemos por uma bunda. O viral se tornou nádegas rentáveis minuciosamente arquitetadas para funcionar como se fossem um furor na web.

Não que esteja reclamando de uma bunda. Sinceramente, eu gosto muito de uma. Mas isso só mostrou o foco das pessoas, seu real interesse, o que cada um procura e dá valor quando se abre um navegador e digita um endereço qualquer - provavelmente a fim de bisbilhotar a vida do outro, invejar o sonho alheio como se fosse seu e viver uma infeliz falácia diária.

E a bunda ganha capas de jornais e milhares de cliques rentáveis.

O tal pouso? Uma notinha ali no canto.

Temos toda a possibilidade de mudar de fato tudo aquilo que acreditamos estar errado e sim, criar uma humanidade mais organizada, de forma a diminuir todos os erros primários que estamos cansados de ver todos os dias.

Mas nem preciso comentar onde nós sempre "preferimos tomar", não é mesmo?

15 de out. de 2014

A Recompensa

Esses dias estava vagando no Complexo Geek e vi que os caras tinham vários quadrinhos traduzidos do Zen Pencils, uma excelente ideia de transcrever citações de grandes personalidades em histórias em quadrinhos. Em uma dessas postagens, me chamou muito a atenção o videozinho a seguir, chamado A Recompensa.

A ideia do curta é mostrar que o que importa não é a chegada, e sim o caminho que você faz e o que aprende até chegar ao seu objetivo. Como eu jogo RPG de mesa até hoje, eu tive um motivo a mais para me identificar com o vídeo, devido a sua arte e sua pegada meio fantasiosa. Vale a pena!

14 de out. de 2014

Morte e Vida Cervejinha

"O gosto da saudade é o mesmo da cerveja", ele fala pra si mesmo naquele muquifo acolhedor que decidiu chamar de lar, por alguns minutos, ao anoitecer de toda sexta.

Olhando para o líquido amarelo dentro do copo americano típico, sente o gélido recipiente molhar a ponta dos seus dedos até algumas gotas escorrerem e caírem como bombardeio na toalha de mesa xadrez que recobre a mobília. Sempre às sextas, uma parte dele morre e vive ali.

Sozinho, cada gole da bebida amarga e dourada lhe traz um amor ganho e outro que perdeu, um sucesso e uma falha, uma música e um silêncio, tudo tão intenso que a sensação chega às vezes a lhe arrepiar os cabelos. O local abafado, as milhares conversas paralelas disputando atenção entre si, o cheiro da comida de boteco e as músicas aleatórias da rádio local,  nada disso de fato interfere no diálogo com seu passado, visível somente dentro daquele copo.

Admita: você quer uma delícia dessa agora!

O saudosismo de tudo arranca-lhe um sorriso bobo do rosto, mas é sincero, desejoso de poder voltar no tempo e arrumar algumas coisas aqui e ali - e deixar outras bagunçadas mesmo. Tudo é um caos, ele não sabe se vai sair bem, então pra que se importar?

A cerveja é sua melhor amiga nessas horas. Não reclama, não questiona, escuta seus desabafos mentais e assiste suas engraçadas expressões físicas como uma plateia atenta que acompanha um espetáculo chique. Pensando bem, ela esteve sempre presente na sua vida: o primeiro porre da sua vida começou com duas latinhas (e não sabe o que foi mais inesquecível: o esporro da sua mãe ou a ressaca no dia seguinte); sua primeira namorada ele conheceu depois de uma intensa "cervejada", várias amizades fez e refez nas mesas de bar regradas a fritas, queijo e bacon. Rodas de truco e a velha discussão Raposa x Galo também sempre estiveram aguadas com a graciosa cervejinha.

Morrer e viver no boteco.

Ou viver e morrer na saudade.

Que diferença faz?

9 de set. de 2013

Prestem atenção em mim!



*****
Os trabalhos desse cara são fantásticos, quadrinhos com citações que são tapa na cara da gente que nos acomodamos com muita coisa aí e vivemos esquecendo do que realmente importa. Quem manjar de inglês pode acessar aqui o site original do cara, mas no Brasil o Outros Quadrinhos está oficialmente traduzindo o material dele. 

2 de abr. de 2013

Escreva uma história de 50 mil palavras em um mês

Parece coisa de doido não é?

Mas eu acho que vou encarar esse desafio.

A ideia é do NaNoWriMo. É simples: faça seu cadastro, e a partir daí, você tem um mês para escrever uma história. O mais interessante é que outras pessoas podem ir dando contribuições e pontos de vista legais em seu conto. Tem que ser uma narrativa, uma ficção.

É uma coisa louca, é um texto grande, mas é corajosamente legal conseguir cumprir. É um estímulo desafiador criativo e disciplinar muito grande.

Vejamos...

12 de nov. de 2012

Resenha "A Casa dos Budas Ditosos"

Choque.

Essa foi minha sensação ao ler este polêmico livro. Na verdade, ainda estou lendo, mas falta muito pouco que realmente não vai fazer diferença para contar sobre o contexto dele aqui.

A ideia de como o livro surgiu daria um bom filme: a editora queria que João Ubaldo Ribeiro escrevesse um material para uma série de livros que estava lançando, cada um deles voltados para um pecado capital. João escreveria sobre a Luxúria, quando, recebera em sua casa, um pacote com diversas fitas gravadas por uma mulher identificada apenas por iniciais.

O que as fitas revelavam, é um misto de assombro, um soco na cara mas, de certa forma, um toque humano profundo. A mulher conta toda sua vida de libertinagem sexual, variando desde sua iniciação no mundo da "perversão" ao seu amadurecimento. Suas orgias, orgasmos, opiniões femininas, tudo é descrito de forma informal mas intenso, longe de ser chulo.



Talvez, para mim, isso tenha sido o diferencial: quem escreveu era uma pessoa culta, conhecia vários artistas famosos, seus trabalhos, aparentemente uma pessoa bem letrada e de uma percepção sagaz - tudo relativamente diferente ao padrão de vagabunda que a sociedade impõe.

Vagabunda. Termo um tanto quanto pejorativo, mas nem sempre precisa ser encarado nessa forma - principalmente depois dessa leitura. O monólogo da autora deixa bem claro o que fazia, porque fazia, quando fazia, com quem fazia, o que tinha que fazer para alcançar aquilo que queria.

É interessante demais parar para refletir sobre alguns comentários pertinentes que a autora dos relatos faz. Questiona o modelo hipócrita da sociedade - da sua perversão ao mesmo tempo corrupção do sexo, do desejo, daquilo que homens e mulheres vieram ao mundo para fazer mas, por causa de leis estranhas e valores deturpados, as pessoas tem suas taras e fetiches reprimidas e taxadas como erradas. Por isso mesmo seu relato anônimo, pois imagina o que aconteceria com ela se soubessem de fato quem era?



A leitura é um tanto quanto erótica, chegando algumas vezes ao pornô, mas isso não é a intenção do relato. Pelo contrário: toda polêmica que surgiu com o lançamento do livro veio mesmo por intermédio do conflito da moral x carnal. A autoria de forma alguma mostra arrependimento do que fez: se vangloria até hoje de ensinar a jovens rapazes a arte da fornicação.

Até que ponto precisamos mesmo nos privar do sexo? Este é um assunto tão obscuro assim? Até que ponto  temos que privar taras e fantasias por regras e morais que estamos cansados de ver que não funcionam?

Nem vou me estender mais. É uma leitura curta e simples: vale muito a pena.

Link do PDF do livro.

16 de ago. de 2012

Policial atira em pit-bull no centro de NY

Um pit-bull foi baleado duas vezes por um policial em Nova York, na região de East Village e na frente de milhares de pessoas ontem, dia 15/08, após o oficial ter sido atacado pelo animal assustado enquanto este defendia seu dono, que estava inconsciente, ao chão.

Veja o vídeo:



O animal, que se chama Star, ficou agressivo quando uma mulher passou próxima demais ao dono e acabou avançando sobre os que estavam próximos, no caso, os policiais. Um deles prontamente sacou sua arma e realizou dois disparos no cão, que o vídeo mostra o sofrimento do animal.

A atitude dos policiais foi duramente questionada, já que as denúncias de abuso de poder por parte da polícia da cidade vem gerado discussões intensas sobre até onde vai o poder da polícia.

Star, como o cachorro foi identificado, foi levado para uma clínica veterinária e está em estado grave. Seu dono teve um desmaio repentino, mas não corre nenhum risco de vida.

Fontes: Terra, EmWotshappening.

***

Particularmente, aceito a hipótese do policial querer se defender de um possível ataque do animal, mas sem dúvida a atitude foi exagerada e poderia ter causado estragos piores. Talvez a má fama da raça dos pit-bull tenha contribuído para que o oficial atirasse.

Mas não justifica de forma alguma um gesto tão ofensivo: ainda mais nos EUA, onde é questão de tempo até que uma equipe de controle de animais poderia ser chamada e controlasse a situação. E querendo ou não, o animal estava apenas protegendo seu dono, visto que ele poderia ter se assustado com a grande quantidade de pessoas que pararam para ver o que poderia ter acontecido com o homem que desmaiou de repente.

E também mostra que o abuso de autoridade não é assim uma característica exclusiva de terras tupiniquins...